terça-feira, 21 de dezembro de 2004

Eu quero um Iglu.

Sim. Um iglu para dois. Pode vir com frio e pingüins fazendo barulho do lado de fora. Mas que tenha capacidade apenas para dois, não mais do que dois. Talvez dentro desse pequeno mundo o tempo possa parar durante um, ou alguns, minutos (quem sabe horas ou um dia?).

Nada contra o mundo, até gosto muito dele. Mas esse carinha anda agitado ultimamente, não? Só agora consegui atualizar o blog e vejo que todos os vizinhos estão falando sobre o mesmo assunto, tempo. O meu dia, com o trabalho alucinado e com as visitas permanentes na minha casa (gosto muito de todos, mas estão acumulando) parece que está passando em apenas 8 horas. Por isso, quero um iglu para dois.

Está bem! Sei que dentro de poucos dias será Natal! Eu coloco uma guirlanda na porta do iglu. Assim, quando Papai Noel sair de casa para entregar presentes veja e deixe uns por lá. Ou será que não fui um bom menino?

quinta-feira, 9 de dezembro de 2004

Breves momentos de constrangimento

Percebi o quanto fico constrangido em alguns momentos prosaicos do cotidiano e como os uso para puxar assuntos inúteis e supérfluos.

Ontem eu passei por mais de um deles, o último foi subindo para a casa da Lua. No elevador, entrou uma mulher que não respondeu ao meu “boa noite” e muito menos olhava pra mim. Só que o elevador é micro, ou seja, constrangimento certo. Outro momento aconteceu quando fui deixado aguardando em uma sala de reunião, sozinho, sem poder fazer nada, me restando apenas esperar.

Ou ainda quando vou ao banco (ou qualquer serviço parecido) e fico tempo demais esperando sentado a frente do gerente enquanto ele está mexendo no computador sem trocar uma palavra.

Agora compreendo um pouco Clube da Luta em relação às amizades descartáveis.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2004

28 e contando

Será que as coisas deveriam mudar da noite para o dia quando fazemos aniversário? Eu não compreendo essa história de inferno astral. Dizem que algum tempo antes do seu aniversário é tal período e que durante ele coisas loucas acontecem. Nada de louco aconteceu antes do meu aniversário (aconteceu a festa, que já foi suficientemente louca). Talvez eu não entenda esse negócio por não me lembrar de ter passado por um.

Sobre a festa. Foi ótima, com vários amigos, gente que eu não via há um tempão apareceu e foi muito bom. Algumas bebidas especiais (desde o drink careta com água de coco e suco de abacaxi até porradinha). Pessoas felizes e bêbadas saíram quase ao amanhecer. Depois o repouso de quem se divertiu muito.

Triste foi trabalhar o dia seguinte inteiro, sem a presença da Lelê (ela também trabalhou). Mas isso foi um pouco amenizado pela companhia da minha mãe que veio pra festa e com os amigos, que me ligaram quando pensei que tudo tinha acabado e só me restaria o Fantástico. Ligaram e me salvaram, valeu ficar até meia-noite na Lagoa inaugurando as rodinhas nova do Skate (“ho! ho! ho! Now i have a Machine Gun!”).

E agora, 28 anos e contando. Valeu galera pela presença, telefonemas e presentes. Vou recostar, usufruir dos bons livros, das boas músicas, beber os ossos que restaram e deslizar pelas ruas.

Keep Walking.

segunda-feira, 29 de novembro de 2004

Começa o processo de mudanças

Esse fim de semana teve a primeira comemoração do meu aniversário. Nesse ano que completo 28 anos assumi a minha paixão e fraqueza pela mudança, e percebi que estava protelando algumas atitudes que eu queria tomar, o que estava me deixando sem perspectivas.

A comemoração foi organizada pela Lol e o Fonta, com a ajuda de todos os amigos do Lugar Feliz. E realmente que festa feliz foi aquela, foi um ótimo fim de semana onde aconteceram quebras de preconceitos e tabus, laços que já existiam tornarem-se mais claros, se revitalizaram e se reforçaram.

Tudo isso se deve também ao perfeito sincronismo das coisas, era o momento certo para tais acontecimentos. O sincronismo era tão exato que a energia podia ser sentida fluindo entre as pessoas, os olhares ou gestos eram livres, tudo era transmitido, nada era retido.

Valeu! Obrigado Lelê por me encorajar, respeitar e completar; valeu Fonta por ter sabido esperar; valeu Lol por ser uma tão dedicada “cumadi”; valeu Saks por continuar sendo o velho amigo de sempre; valeu Cris por testemunhar esse momento e compreendê-lo; valeu Saraiva por se unir a nossa família de forma tão plena; valeu Mario pelo ótimo set que nos guiou; valeu Ka pela “Dona Maria”; valeu Pedro pelas conversas sobre "Arthur", Cinema e Matrix; valeu Paula pelos longos papos, foi bom ter descoberto a sua amizade; valeu Gerard por ser você a todo momento, impagável; valeu Lua por todo o seu carinho e valeu Claudio, por ser “o bom”;

Nesse momento, o Recarregador repousa feliz !

quarta-feira, 24 de novembro de 2004

E então, Almodóvar

A Má Educação, ótimo filme, não surpreende nos detalhes, por manter o estilo já marcado do diretor. Mas o faz no roteiro, o qual concordo com o vizinho conspirador Maurício Santoro: não se trata de gays ou travestis, poderia falar de qualquer pessoa independente do gênero ou opção sexual, acredito que os personagens o assim sejam devido ao, já mencionado, estilo do diretor (que não compromete em nada na qualidade, apenas reforça). Além disso, Gael Garcia Bernal reafirma seu talento de grande ator, ele convence em todos os momentos.

terça-feira, 23 de novembro de 2004

Sobre uma cidade americana?

Não é disso que fala Dogville. De fato, não era disso que eu gostaria de falar nesse post, seria sim sobre cinema, mas abordaria Almodóvar e não Lars Von Trier. Porém, não pude evitar, assisti ontem à noite e não apenas dormi pensando no filme, como passei o dia com ele na cabeça. Já declaro que Dogville está entre os melhores do ano, se não os melhores dos melhores.

Como estava a dizer, Lars Von Trier não fala de uma cidade americada, fala de seres humanos, nossas qualidades e defeitos. Explora de forma primorosa cada uma dessas, para que possamos fruir sem perdas. O diretor e o elenco conduzem nossos sentimentos como se fosse apenas um rio descendo pelo seu caminho sinuoso, mas não íngreme. Alguns podem apontar o filme como sem ritmo. Descordo, sua narrativa (literalmente) é essencial para alcançar o ponto, me recorda um pouco as músicas que conseguem progressivamente te oprimir para com uma grande virada liberta-lo. Poderia ficar digitando durante horas sobre o quão ótimo é Dogville, mas é mais produtivo aconselhar que assista.

Deixo uma pergunta e aposta: o filme é narrado pelo Anthony Hopkins? Acredito que sim.

domingo, 21 de novembro de 2004

Os três pré-balzaquianos invadem a orla

Fim de semana produtivo. Sexta cinema que merece ser citado no próximo post. Sábado um pouco de trabalho e passeio de skate na lagoa com o “vizinho” e domingo incomum.

O que acontece quando três pré-balzaquianos invadem a orla armados de skates e patins in-line? Fui surpreendido por duas vezes nesse episódio. A primeira foi o espírito adolescente que ainda existe em cada um desses três pré-balzaquianos. A segunda foi a disposição do “vizinho” Fontana de acordar às 09 da matina pra andar de skate e com fôlego de acompanhar o trajeto Hilário – Jardim de Alá – Arpoador – Jardim de Alá – Hilário. Vale mencionar que o vizinho das Letras Mortas está mais à vontade com os patins, estou muito satisfeito com o Long (troquei de Shape) e o skate do vizinho que vive no Lugar Feliz anda muito, arma perigosa.

Frases para ser lembradas: “Vamos retornar à estranha e peculiar fauna de Copacabana” e “Just playing like a Kid”.

quarta-feira, 17 de novembro de 2004

Velhos hábitos

A Lelê já começou a me mostrar como é bom aproveitar a manhã. Assim como o dia corrido do escritório que ao alcançar as 19 horas e me fazer sair correndo pra faculdade me faz pensar que poderia ter chegado uma hora mais cedo e feito um pouco mais de tantas tarefas. Também vale para o skate que vejo no meu escritório e me põe a pensar: poderia acordar mais cedo amanhã e dar uma volta antes de trabalhar.

É bom que tenho o blog, distrai um pouco. Pois, ainda assim ela me pegou de novo. Mesmo exausto, entediado, ela me pegou de jeito. Fico sem saber o que fazer e sem vontade de fazer qualquer coisa. Maldita insônia!

segunda-feira, 15 de novembro de 2004

Estúpido Homem Branco

Agora sim faz sentido o título do livro escrito por Michael Moore. Foi publicado no Globo, após o resultado das eleições americanas, o perfil dos eleitores. Vamos apenas à maioria que não votou em Bush: eram mulheres, latinos, negros ou asiáticos. Todos os outros dados mostraram que a minoria (social, racial...) não votou em Bush. Ele foi reeleito pelo estúpido homem branco (pena que não consegui encontrar novamente o infográfico, os detalhes valorizavam muito).

O que mais pode acontecer nesse mundo?

sábado, 13 de novembro de 2004

Não sabia que São Paulo era assim.

Nunca gostei da cidade de São Paulo. Nada contra os paulistas, mas a cidade sempre me pareceu cinza e grande demais até para ela, ou seja: sem válvula de escape.

O último fim de semana eu passei em Sampa com a Lelê. E nesse momento cito o título, não sabia que São Paulo era assim. A praça Benedito Calixto é como se fosse um pedaço retirado de Santa Teresa e encaixado no meio de Sampa, só que povoado por uma galera meio Ipanema. Nela acontece uma feira de antiguidades, onde o pessoal atende de ótimo humor e boa vontade, ao redor ficam os bares com a galera bebendo cerveja e comendo, bons pratos por sinal.

Aproveitamos para passar um tempo no Ibirapuera e ver as exposições da 26ª Bienal e a Fashion Passion. Mas perdemos a exposição de fotografia que estava acontecendo no MAM. Sem sair do lugar, tínhamos acesso a três exposições boas. Não me recordo quando isso aconteceu aqui no Rio.

O Bairro da Liberdade é sempre um capítulo à parte. Esse canto da cidade já me agradava, porém senti uma grande deficiência em equipamentos e armas para Kung Fu e Tai Chi. Mas, quem sabe encontro em uma próxima visita?

Deixo apenas uma dica, não fiquem hospedados no Morumbi, tudo se torna mais longe e mais caro – já que é lenda o fato do Metrô chegar em todos os lugares e qualquer viagem de ônibus significa baldeação. Mas, no fim posso afirmar: saí satisfeito com São Paulo.

sexta-feira, 12 de novembro de 2004

AH! Se não fossem as pequenas diferenças.

Tudo indicava que era um show de metal pesado. A platéia era composta muito mais por homens do que por mulheres, a expectativa das pessoas aguardando o grande começo, algumas conversando, outras ao chão apenas esperando, os aplausos pro “roadie” que veio mexer no microfone (como se ele fosse um membro da banda), aqueles que se levantavam a cada entrada da vinheta do festival (pensando: “agora vai começar”) e por aí vai. Tudo muito parecido com um show de metal. Até as pequenas diferenças começarem a aparecer.

Em um show de metal, o público vibra como se estivesse socando o céu, nesse, o público bailava os braços para um lado, para o outro e para o um. Durante o espetáculo metaleiro, os gritos de guerra são oxítonos, independentemente do nome da banda a última sílaba será tônica, nesse, embora o primeiro nome da banda terminasse em T, nos gritos era incluído um X ao final.

Quando palheta, baqueta, lenço ou camisa é jogado no primeiro show, é garantia de uma breve pancadaria ilustrada por socos “mata-cachorro”, no segundo, foi um método pacífico de puxa-puxa, onde alguns queriam e ficaram por muito tempo puxando pedaços de camisa, tentando salvar ao menos uma tira. E para completar, no primeiro, o público não dá “tchauzinho” para a banda.

Mas independentemente das pequenas diferenças, foi um show muito bom. Tocaram os clássicos, os fãs alucinaram e quem não é fã (meu caso), saiu sem ter tido a noção de perda de tempo e que valeu o divertimento.

Próximo post: “não sabia que São Paulo era assim...”.

sábado, 30 de outubro de 2004

Se você não comer tudo...

Vamos dar liberdade a todas nossas teorias da conspiração? Os Estados Unidos, através de Bush, conseguiu criar o melhor personagem da história. Depois de Papai Noel, que vende bilhões em dezembro (período esse que o comércio deveria estar em baixa, já que o turismo estaria em alta), Coelhinho da Páscoa, Fada-dos-Dentes e todos os outros. Chegou o Bicho Papão, agora com nome, sobrenome e nacionalidade – recolha um pra você nas lojas mais próximas. Ele é Árabe. Ele é barbudo. Ele gosta de aviões e ajuda na alimentação das crianças.

E assim o mundo todo observa a mensagem:
“Se você não votar no Tio Bush, o Bicho Papão vai te pegar”. (isso daria um Funk)

Enquanto isso, na República das Bananas: Milhões de pessoas passam fome; a impunição e festa da corrupção não para, é 24/7; os maiores impostos são pagos, ou não; igualdade social passa a ser sinônimo de “favela-bairro”; das doze indicações de uma livraria de renome, oito livros são sobre a política americana. Pra onde estamos olhando?

quinta-feira, 28 de outubro de 2004

Amanhã?

O que interessa o amanhã? Não existe aquele velho ditado “não deixa para amanhã o que pode ser feito hoje”? Além da rotina, o que sabemos sobre ele? Ou melhor, nem mesmo temos certeza que a rotina continuará amanhã. Ele não é fruto do hoje? Do agora? Se tivermos um bom “hoje”, logicamente teremos um bom “amanhã”, correto? Ah! Alguém deve está perguntando: e se acontecer algo inesperado? O inesperado acontece agora e não amanhã. E então você ainda está pensando no amanhã e no seu "inesperado"? O hoje não é melhor, mais vívido, mais palpável? Até mesmo quando sonhamos com o amanhã, não estamos nos deliciando agora? Quando comemoramos ou lamentamos? Melhor, o que comemoramos ou lamentamos? Ontem, hoje ou amanhã? Se ele é tão importante, ele já chegou? E se chegou, você notou ou estava interessado no amanhã?

Sendo assim, repito: o que interessa o amanhã?

segunda-feira, 18 de outubro de 2004

Um pouco mais de política

Estaremos nós caminhando para um processo de restrição plena? Seria a melhor saída o caminho mais cômodo (restringir no lugar de educar) ?

Fico feliz em saber que o TJ derrubou a liminar que proibia a venda de alimentos gordurosos em cantinas. O Juiz Siro Darlan não ficou feliz, lamentou. Acredito que alguns homens que fazem nossa justiça estão perdendo a noção que a liberdade pode ser um bom caminho para a educação.

Se fosse proibido tudo que em excesso é prejudicial a nossa vida, mal poderíamos caminhar ou mesmo realizar uma longa viagem de carro, ou avião. Mas claro, proibir é mais fácil do que educar e ensinar limites através da simples demonstração de possíveis danos.

A queda dessa “portaria” (não vou usar esse termo, nesse edifício, sem aspas – pode soar pejorativo) me reconforta, e talvez me iluda um pouco mais, pois sempre acho que estamos caminhando para moldes políticos e sociais "norte-americanizados".

sábado, 16 de outubro de 2004

Em algum lugar deve fazer sentido

Estou para postar isso já tem um tempo, mas nunca paro pra digitar. Não sei pra vocês, mas a política recente tem sido um pouco confusa pra mim.

O Presidente do Fome Zero (do país da fome de educação, segurança, saúde e comida), enviou 13 toneladas de comida para o Haiti no mês passado. Será que o programa Fome Zero está indo tão bem a ponto de ser possível realizar essa doação sem deixar nenhum brasileiro sem comida?

Não deveríamos estar olhando um pouco mais para os nossos e um pouco menos para os outros? Talvez possa parecer ignorância, mas pra mim, ajuda quem pode e nesse caso (como em tantos outros) o Brasil está podendo?

Durante uma semana de arrastões na praia do Leblon, o secretário de segurança do Rio de Janeiro estava de licença para cuidar de campanhas. Mesmo após todas as notícias, esse se manteve de licença. Aqui cabe a conclusão chegada por um amigo meu: o secretário de segurança de qualquer cidade Sueca não poderia tirar licença, do Rio pode. É claro.

Além do fato de ter o emprego garantido por ser marido da governadora, o que mais lhe deu segurança para tirar essa licença? A criminalidade do Rio está tendendo a zero e não sabemos?

Só para completar. Após tanto tempo com os bancos em greve, venho a me perguntar: realmente precisamos deles? Não seriam apenas cofrinhos, ou colchões, em formas de escritórios?

Ao menos pra mim, nada faz sentido. Pior é aceitarmos isso calados.


sexta-feira, 15 de outubro de 2004

No fim, os heróis cavalgarão sob o Sol poente (será?)

Estou me sentindo no oeste selvagem americano, ao menos na imagem fantasiosa e hollywoodiana que temos dele. Um dos bandidos mais procurados do Rio de Janeiro foi morto. Gangan morreu, os jornais do Rio publicam em suas capas manchetes com a grande notícia e a população passa a temer uma invasão do bando de foras-da-lei. Todos se recolhem um pouco mais cedo e os “salloons” tem assunto pra mais um dia.

Estamos ou não, vivendo o oeste selvagem americano?

quinta-feira, 14 de outubro de 2004

4 anos

Já se passaram 4 anos da data mais importante da minha vida. Esses anos passaram de forma que mal pude notá-los, já fizemos muitas coisas juntas, temos diversas lembranças e conquistamos uma pequena parte da nossa estrada.

Há 4 anos me casei com a Lelê, e todo ano renovo esses votos e espírito. Não me sinto menos apaixonado por ela, me sinto mais. Não me sinto dentro de um cotidiano, me sinto dentro de uma estrada com um horizonte infinito, e com a melhor companhia do mundo.

Lelê, te amo muito!

quarta-feira, 13 de outubro de 2004

Tudo vale à pena

Fim de semana + feriado com gosto de “por que parou?”. Domingo foi aniversário do meu pai e devido a isso, sábado às 5:40 da matina segui para BH. Festa familiar, amigos e parentes se encontrando para homenagear o meu velho – bom rever os parentes e matar saudades dos pais. Ainda recebi a notícia que me deixa feliz e/ou assustado: serei tio.

Na segunda, véspera de feriado, rolou uma festa bombástica na casa Morand Fontana. Muita Vodka disfarçada de Clight. Resultado: todos saudavelmente bêbados. Na terça, acordamos por volta das 14 h, fomos almoçar por volta das 16 h (almoço feito pela Lelê). Ainda colocamos mais dois quadros, arrumei o varal que estava torto, aproveitei a ótima companhia da Lelê e assistimos mais um episódio de Band of Brothers, até o momento o melhor.

Hoje acordei cedo para vir trabalhar, soube que o dia será mais tranqüilo do que esperado e estou com uma breve esperança de almoçar com ela no Rio Sul.

quinta-feira, 7 de outubro de 2004

Redescobrindo o Camaleão

Graças ao advento da banda larga, agora instalado também no meu lar, estou podendo explorar um pouco mais esse recurso, a tal da internet. Ando fazendo alguns downloads de músicas, e voltei a baixar algumas faixas do Camaleão, David Bowie.

Está sendo muito gratificando ouvir faixas como "Man Who Sold the World" e "Space Oddity". Ainda com sua fase insana e marcada pelas ondas do início da década de 70, Ziggy Stardust, mostra-se a atemporal.

Com esse post, aproveitei para atualizar as dicas ao lado. Em outros comentarei os motivos das devidas recomendações. Entretanto anotem: vale redescobrir o camaleão!

terça-feira, 5 de outubro de 2004

Cotidiano

Nos últimos dias me deparei com uma característica da minha personalidade da qual ainda não havia refletido sobre. Tenho uma dificuldade absurda de continuar, de lidar com o cotidiano, principalmente de vislumbrar algo "cotidiânico".

A questão não está nos amigos ou na vida de casal. A questão é o dia-a-dia, todo dia acordar e já vislumbrar seu dia, sem dúvidas ou expectativa de mudança ou de alguma surpresa. Esse foi o ponto inicial do raciocínio, a mudança me seduz.

Com isso pude identificar o motivo de minha paixão pela profissão. Por mais que faça algo próximo que já foi feito antes, cada peça é uma nova peça, com novos desafios. Também percebi minhas fases de "pilhas" (como a Lelê descreve): começo algo, me interesso, vou a fundo no tema, descubro tudo que posso, vivo da forma mais intensa que puder e depois, vai. Tornou-se passado e é substituída por uma nova "pilha".

Claro, algumas são mais sólidas do que outras. E por mais que o tempo passe e tais interesses cessem, eles retornam. Voltei a praticar Tai Chi. Voltei a pesquisar diferentes músicas. Comprei um Skate (tenho andado menos do que esperado, mas tenho andado). Opa! Estranho, são as mesmas coisas que fazia há 12 anos atrás? Retrocesso?

quarta-feira, 29 de setembro de 2004

Série em formato de filme

Comprei através da indicação. Nunca tinha visto nada além do primeiro episódio, e mesmo assim senti interesse o suficiente para comprar Band of Brothers. Série da HBO que conta a história da Easy Company, paraquedistas da II Guerra.

Mesmo que seja sem estrelas no elenco, possui bons atores que dão vida a personagens carismáticos a ponto de formar vinculos. Ótimos roteiros para cada capítulo que são revitalizados pelos depoimentos dos reais veteranos na abertura.

Em resumo vale muito a pena assistir e adquirir. Pra terem uma idéia, a Leticia normalmente não gosta de filmes de guerra, mas está adorando essa série.

quinta-feira, 23 de setembro de 2004

Enfim

Finalmente volto a atualizar o Edifício. Os vizinhos e visitantes já deviam estar imaginando que vinha uma nova fase de abandono até o próximo retorno, mas não. Dessa vez foi a total incapacidade de convencer o dia a ter alguns minutos a mais. É, não deu.

Mas toda essa falta de tempo foi devida a algo bom. Trabalho. Dedicação a um trabalho que dá tesão, vontade de não parar e ainda com direito a reconhecimento. Em dois dias fechei uma revista de 20 páginas com elogios dos colegas e principalmente do cliente. Se contar todas as noites desde segunda até quinta (nesse tempo também houveu um hotsite) dormi no máximo 14 horas, mas valeu.

Mas é isso ai, trabalho é bom e dignifica o homem. ;)

terça-feira, 14 de setembro de 2004

Olga

Finalmente parei pra assistir esse filme que já posso recomenda-lo como muito bom. Após vê-lo me recordei de algumas curiosidades sobre a produção que me fez gostar ainda mais, por exemplo: os campos de concentração foram filmados em Bangu, aqui no Rio e as cenas com neve eram cenográficas. Isso já justificaria a ótima produção.

Porém teve algo que me incomodou muito, e parece que não só a mim. O idioma não é definido, os dialogos começam em um e terminam em outro (normalmente em português). Não houve uma transição sutil entre eles ou mesmo uma definição clara.

Já Camila Morgado está DEZ. Representando Olga de uma forma que só posso descrever como viva. Pra mim, que apenas tinha ouvido a história de Olga Benário, tive a sensação por várias vezes de estar olhando a personagem que minha imaginação formou- depois confirmei com a Leticia que leu o livro e ela confirmou ter sentido uma semelhança absurda com a personagem narrada.

Bem, vale a pena assistir. Mesmo a crítica algumas vezes sendo injusta e acusando de novelão.

quarta-feira, 8 de setembro de 2004

O mistério de Shyamalan

Não há dúvidas que é melhor do que Sinais, idem para Corpo Fechado e até coloco em questão o renomado Sexto Sentido. A Vila é um grande trabalho desse diretor, já começa com aqueles temperos que tanto me agradam: ótima fotografia, bom elenco (por ex.: Adrian Brody) e um roteiro um tanto quanto curioso.

A história se passa em uma vila do século XIX, a qual é cercada por monstros que possuem um “pacto de não-agressão” com os habitantes da vila, tudo é tranqüilo e calmo até que o personagem Lucius Hunt (interpretado por Joaquin Phoenix) resolve pedir permissão para atravessar o bosque das criaturas. Aqui sou obrigado a parar de falar, pois posso estragar um dos prazeres do filme. Recomendo muito e aconselho assistir prestando atenção nos mínimos detalhes de cada cena (onde a genialidade do diretor M. Night Shyamalan é afirmada), principalmente na cores, a qual foi declarada uma crítica ao governo de George W. Bush (Shyamalan costuma brincar com as cores desde seu primeiro grande sucesso).

sexta-feira, 3 de setembro de 2004

Sob a luz de neon do Manuel e Joaquim

Ontem, após um dia insanamente corrido, estressante e a todo momento todos estarem por um fio, sai da agência às 21 h e só pensava em um chopp com uma boa companhia. Infelizmente no exato momento minha mulher estava impossibilitada e alguns amigos não estavam disponíveis.

Mas valeu esperar um pouco e buscar a Leticia, sentar em uma mesa no Manuel e Juaquim, Bar e Botequim e descer três chopps como se fossem água. Caiu como uma luva. E nessa hora consigo perceber que ela não é apenas minha mulher, mas realmente minha melhor amiga, insubstituível e sempre presente. Te amo.

segunda-feira, 30 de agosto de 2004

Ode a uma velha amiga

Durante muitos anos uma boa amiga esteve comigo, acompanhou nos momentos mais incríveis e prazerosos. Ajudou a realizar feitos que foram, e em alguns casos ainda são, citados como anormais. Parceira de Dona Nil, churrascarias, rodízio de massas e/ou pizzas e, principalmente, comida da Dona Teresa – quando mostrava sua melhor forma.

De acordo com nossa intimidade, dava sinais que não era mais a mesma, no dia-a-dia, pequenos sinais como não limpar o prato de lasanha da Dona Nil, permitir uma manhã em jejum e outros que somente eu poderia compreender. Então, tudo tem um fim. E mesmo nesse fim, essa amiga esteve ao lado e lutou para que tudo corresse bem, foi forçada e ainda assim mostrou disposição.

O grande esforço resultou em uma conclusão sábia, de mente limpa e que concluí a fase de uma vida: “I’m too old for this shit”. Mesmo velha, amiga, saiba que estarei sempre ao seu lado e, principalmente, nas minhas mais saborosas lembranças.

Deixo a todos suas últimas palavras em plena atividade: “saiu da vida para entrar na história”.

sexta-feira, 27 de agosto de 2004

De parar o trânsito

Realmente estava acontecendo. No meio da Rua do Acre, quase onde ocorre a interseção com a Marechal Floriano, no centro do Rio de Janeiro, às 19:30 h. Um reclamava o tempo todo, outros dois se faziam de desentendidos e o verdadeiro “show” era realizado pela copula de um fervoroso casal, o macho por cima e a fêmea por baixo. No meio da rua.

Os carros paravam, buzinavam e tentavam aplacar a libido da fêmea, a qual tudo indicava estar no cio. Principalmente pelo outro macho que tentava, mesmo com o primeiro já copulando, introduzi-la.

O centro da cidade parou pra ver. Pedestres e carros (esses pareciam realmente dispostos a fazer de tudo menos atropelar o trio). E a diversão não acabava, mesmo quando um homem se aproximou armado com chinelos e assim batia nas nádegas dos machos. Nada, eles continuavam.

Não pude assistir o desfecho da pornô-chanchada. De uma forma trajicômica fico curioso em saber como acabou, será que se deitaram no asfalto da Rua do Acre e tiveram um romance a três? Se ela engravidou, como saber quem é o pai? E isso lá irá importar? Ou apenas o ato de amor seria digno de importância? Amor?

Várias questões.

Isso realmente aconteceu. Nesse devido horário e devido local, na noite do dia 26 de agosto de 2004. Mas antes que as mentes mais torpes cheguem ao seu ápice, sou obrigado a estragar-lhe o prazer e reforçar: eram apenas cães.

Parafraseando alguém nesse fim de semana: odeio ter surrealis.

quinta-feira, 26 de agosto de 2004

Agora sim, falo de Balzac

Como escrevi no post anterior, fomos assistir "Balzac e a costureirinha chinesa". Fala sobre a história de dois jovens da cidade grande que vão ser reeducados em uma aldeia nas montanhas chinesas no início da década de 70.

Na verdade esse é o pano de fundo para a transmitir o impacto que a cultura causa em tal aldeia. A reação do povo e o quanto isso pode mudar suas vidas. Além de ótima fotografia, belas atuações e grande cenas o enredo pode nos levar a admirir o "mito do bom selvagem" e depois notar as "letras miúdas" de cada personagem.

Respondendo a Nandinha, sim vale muito a pena ver.

Assim como vale a pena ler a crítica do nosso amigo conspirador sobre o filme e ler o último Tok do meu velho amigo. Jaba no ar.

quarta-feira, 25 de agosto de 2004

Ocas

Fomos ontem ao cinema assistir "Balzac e a costureirinha chinesa", antes de qualquer crítica, vale mais falar sobre a revista da Ocas. Um projeto em que os vendedores autorizados recebem R$ 1,50 de cada exemplar vendido por R$ 2,00. Tais vendedores são ou foram de rua e isso os ajuda a viver melhor. Me amarrei na revista, no projeto e vou ajudar sempre que puder.

Isso deve ser acréscido ao post que li do meu amigo Coimbra no Alta Fidelidade. Post esse em que ele narra uma tentativa de assalto e faz uma breve reflexão sobre a violência do Rio. Sim, a cidade é perigosa (como já diria outro amigo nosso), mas o mais importante é pensar: o que você faz para ajudar a acabar com essa violência?

Eu, nada demais. Mas estou disposto a ajudar quando tiver oportunidade e encontrar algo que passe confiabilidade de um trabalho sério que possa gerar resultados práticos. Como vi na Ocas.

sábado, 21 de agosto de 2004

Alívio

Um fim de semana com ótimas idéias e oportunidades. Afinal de contas, acabou o período mais pesado da faculdade, o trabalho está andando bem e a arrumação da casa está indo em um ritmo curioso (ontem foram menos 3 caixas).

Na verdade, posso dizer que o fim de semana começou desde quinta a noite, no Mike’s Haus com bons amigos, boas Erdingers e uma catarse resultante da overdose de tarefas. Posso garantir, Erdinger não dá ressaca.

Ontem, sem vontade de sair, arrumei a casa com ajuda do Ock, batemos um bom papo e assistimos um bom filme. Durante o papo chegamos a conclusão que a culpa é daquele desgraçado que inventou a palavra, não seria melhor a época em que apenas produzíamos sons selvagens e tomávamos nossas fêmeas no tacape?

Lelê chega amanhã, ainda estou com muita saudade e agora, ansioso.

quarta-feira, 18 de agosto de 2004

Contos do 186, cap. II: Ataque surpresa

Acredito que a coisa mais incomum do meu antigo prédio fosse a vizinhança, formada pelo grupo mais heterogêneo do mundo. Um desses era o casal de senhores que moravam no oitavo andar.

Tal casal pouco saía de casa e sempre que fazia alguma aparição mostravam-se muito educados e singelos. Vinham a lembrar até mesmo Seu Amílcar e Dona Arminda (descritos no antigo folhetim do Casseta e Planeta Urgente).

Os boatos começaram a correr não me lembro exatamente quando, mas eles diziam que o apartamento dos nossos personagens de hoje seria a fonte de todas as baratas que viessem a aparecer no prédio.

Quando o boato cresceu a ponto de tornar-se real, a síndica na ocasião (uma senhora com quase 80 anos de idade que andava pelo prédio durante todo o dia) coligada com outros moradores preparou um ataque ao covil dos insetos.

A dita síndica e outra vizinha tocou a campainha do casal de velhinhos e ao senhor abrir a porta, sem que pudesse pensar a dupla em missão empurra para dentro do apartamento uma equipe de detetização para assim realizarem a limpeza.

Alguns dizem que foi um engano vergonhoso. Outros contavam que durante o embate foram mortas e levadas ao corredor do prédio, como em uma vala, mais de cem baratas. Os mesmos contam que a senhora veio agradecer a todos envolvidos, pois se dizia impossibilitada pelo marido de fazer algo contra os insetos e assim esses apenas cresciam em número, fazendo-a dormir completamente coberta para evitar que as criaturinhas caminhassem pelo seu corpo.

Nunca decidi em que versão acreditar. Normalmente escolho a mais engraçada, mas nesse caso a visualização de uma senhora de um metro e meio, com quase 80 anos de idade invadir com um pelotão o apartamento alheio preparada para vencer um combate passível de ser comparado a Normandia, já me basta.

terça-feira, 17 de agosto de 2004

Saudades

Sentimento estranho e sincero esse que nos mostra quanto algo ou alguém faz falta. Podemos sentir saudades de coisas que realmente não fazem mais parte da nossa vida, mas em grande maioria sentimos daquilo que faz parte, e no devido momento não está conosco. Isso o torna estranho.

Sinto saudades dela, que nesse exato momento (como em todos os outros) faz parte dos meus planos e da minha vida. Pena que enquanto estou digitando essas linhas para relaxar entre um trabalho e outro ela está longe, também trabalhando.

Para não dizer que estou deixando de seguir um padrão, deixo uma pergunta para qual um conhecido abriu meus olhos: qual a diferença entre o comum e o normal? porque algumas coisas podem se tornar comuns, mas nunca serão normais? e principalmente, porque aceitamos tais anormalidades?

Lelê, estou com saudades.

domingo, 15 de agosto de 2004

Palavras Libertadoras

Durante um singelo almoço com minha esposa e nossos compadres, Rodrigo e Carolina, viemos a discutir sobre a existência e uso de um termo tão libertador que seria esse capaz de aliviar tensões, trazer razão em momentos de plena discussão e até mesmo evitar problemas cardíacos (como sempre diz minha sogra-avó e quem seria eu pra discordar de uma senhora de 81 anos bem vividos?).

Sendo assim penso e questiono: caso esse termo seja trazido para o cotidiano, tornando-se corriqueiro. Devido à banalidade do uso, perderia ele seu poder?

Mais importante sugiro que vocês (poucos) freqüentadores desse Edifício, pensem e respondam – mesmo que interiormente – a quem vocês mandariam “tomar no cu”? (sintam-se libertos)

quarta-feira, 11 de agosto de 2004

Fazer doer no ponto certo

Como Odessa Cotter, interpretada pela Whoopi Goldberg, que apoiando o boicote aos ônibus "feito" por Martin Luther King foi para o trabalho e casa todos os dias a pé, fazendo uma longa caminhada, os ingleses começaram uma campanha de consumo social que tem se popularizado. Eles deixam de comprar produtos de empresas que possuam atitudes politicamente incorretas. Assim, alguns britânicos estão deixando de comprar Nike, Coca-Cola e outros.

Isso apoia a teoria que venho formando, sem ser muito criativo, em que não vivemos em um mundo democrata governamental, vivemos em um espaço corporativista e tais corporações são as únicas instituições que realmente possuem o poder de mudar algumas coisas. Basta fazê-los sentir no bolso.

Agora entra a questão: nós brasileiros, com a cultura da acomodação, poderíamos iniciar um processo de consumo social?

terça-feira, 10 de agosto de 2004

Até queimar a mão

Estou para comentar sobre esse filme desde a estréia, quando o vimos. Fahrenheit 11 de Setembro é mais uma obra do Michael Moore, que com o formato de documentário apresenta sua visão social e política.

Nesse filme Moore fez uma direção e edição parcial sem pudores. Seu objetivo era mostrar as coisas da formas mais parciais possível, anti-Bush. Acerta em cheio no começo e meio, no fim pode até ser culpa do sono que sentia, mas começei a achar o filme arrastado.

Através de cenas simples e, politicamente fortes, Moore nos faz pensar e ficarmos indignados em como nada foi feito contra todas as ações tomadas de acordo com decisões do Bush e pior, muito pouco foi noticiado. Não só somos seríamos cegos, como a imprensa americana se fez de cega.

Sobre o apartamento.

Os armários estão começando a ser ocupados, a infra-estrutura está sendo concluída e já quase temos condições normais de vida. Ainda em plena bagunça, mas firme e forte. 26 caixas e contando.

segunda-feira, 9 de agosto de 2004

Enfim, Mirante

Esse é o primeiro post no Mirante Schustoff-Bulkool. Fizemos a mudança no sábado, estamos entulhados de caixas e poeira pelo apartamento, mas curtindo muito cada momento dessa nova fase.

Ainda não conseguimos arrumar nenhum cômodo do apartamento, está tudo espalhado e lotado. Mas esperamos que isso seja resolvido em breve, após a devida faxina nos armários - acho que a cozinha ou suíte serão os primeiros a serem resolvidos.

Não posso deixar de agradecer ao Gaulês, Lua e Nanda pela grande força que deram.

Amanhã imagino voltar aos posts normais. ;)


sexta-feira, 6 de agosto de 2004

Contos do 186, cap. I: Patologia Rara

Uma breve introdução e justificativa.

Hoje eu ia escrever sobre as sensações de estar encaixotando uma mudança e a importância de uma fita. Porém, como vou passar apenas mais esse dia no atual apartamento, farei algo que sempre tive vontade: relatar os eventos surreais.

Voltando ao conto.

Ontem chegava em casa após meia-noite. Estava cansado, ainda tinha trabalho de faculdade para fazer, encaixotar algo e assim dormir. Porém na portaria fui entretido por Valdemar (anotem, o único porteiro com noção de educação desse condomínio, os outros valem um conto à parte).

Valdemar veio me apontar uma modelo que desfilou no Fashion Rio e tinha sido capturada pelas máquinas da revista Caras. Com um sotaque nordestino carregado, de quem tem orgulho da sua origem, contou que já tinha tido romances com gaúchas bonitas, mas como aquela mulher nunca nem mesmo tinha visto - parecia estar apaixonado.

Não me recordo como, talvez nessas horas meu cérebro me proteja, ele joga à mesa as seguintes palavras: "Já namorei até mesmo um travesti, sabia?".

Choque.

Ainda em choque.

Reação: "Como assim Valdemar? Você nunca percebeu? Não viu “gogo" ou marca de barba? Não fez o teste do Crocodilo Dundee?". Não, nada. Três meses durou a relação. Três meses que passaram, usando suas palavras: "apertava a linda-gaúcha-alta e nada".

Até certo dia em que o cenário estava montado. Ambiente só para os dois, a música, a luz, uma garrafa e copos com cachaça, o "aperto" certo e ela cedeu. Nesse momento o imaginei comemorando sua estratégia vitoriosa até se confrontar com a dura verdade.

Claro que isso não bastou para punir minha curiosidade. Valdemar me descreveu detalhadamente o órgão genital da gaúcha, dizia ser idêntico ao de uma mulher, porém não possuía "o buraco que sai o neném e nem o lugar pra meter o pênis" (aos três leitores me desculpem por não conseguir resistir em relatar tais palavras literalmente). Também ressaltou a protuberância que seria o "buraquinho pra fazer xixi", seu gestual indicava que parecia a última falange de um mindinho.

Como resultado ele se afastou aos poucos até o fim do romance (provavelmente não queria magoar a moça, como disse com outras palavras: Valdemar “é um bom menino”). Mais tarde veio a se abrir com uma doutora que esclareceu todo caso estar se tratando e romanceando com uma hermafrodita. Com isso ele conclui questionando a mim: "sabia que existia isso? Eu vi".

Digam-me, por mais que esteja ansioso para começar minha nova vida no "Mirante Schustoff-Bulkool", como posso não sentir falta desses momentos surreais? Ou deveria sentir-me aliviado?

quinta-feira, 5 de agosto de 2004

E agora?

Meio da madrugada do dia 03 para 04 de agosto. Acabo de concluir mais uma etapa de trabalhos de faculdade, também de encaixotar mais uma caixa de livros e finalmente me deparo com a crise do papel (?) branco ao olhar para esse blog. E agora?

Não quero falar mais uma vez de mudança, mas fica difícil ao estar com isso na minha cabeça a maior parte do tempo. Posso pensar nas outras coisas que estou fazendo, como lendo a saga do Mochileiro da Galáxia. Pronto, essa é boa.

Sempre ouvi o Ock, velho amigo e vizinho, falar dessa saga - desde moleque ele falava disso - nunca consegui encontrar ou ler o dito cujo. Esse ano, os livros estão sendo reeditados, parece que é devido ao produção cinematográfica da saga, comprei e já li o primeiro (O Guia dos Mochileiros da Galáxia) e estou lendo o segundo (O Restaurante no Fim do Universo).

Já posso concluir que os livros merecem a fama. Ficção científica sem cara de ficção científica (isso pra mim é ótimo), boas tiradas de humor e um pouco de filosófia irônica. Vale a leitura e a compra, pra meu atual momento de vida é perfeito - pois é uma leitura rápida e fácil.

Agora que o branco sumiu, vieram as outras idéias, mas vou guardar na manga pra amanhã ou outros dias. Quem sabe assim consigo evitar futuras "crises do branco"?

quarta-feira, 4 de agosto de 2004

Mudanças

Sou adepto das mudanças. O cotidiano, a repetição por longo tempo, me cansa, me desmotiva. Sou ávido pela novidade, quero ver tudo mudando e evoluindo.

Mas nem sempre esse processo é fácil. Alguns vizinhos e amigos sabem que estamos nos mudando de apartamento, no meio desse processo a vida profissional vai a todo vapor, assim como na faculdade - o problema é que essa velocidade toda exige uma dedicação para casa-trabalho-estudo que tende a ultrapassar o possível. Ainda assim, estamos levando e fazendo tudo.

Talvez essa velocidade toda, e mais os novos amigos que aderiram ao Blog, tenham me motivado a voltar pro Edifício. Pra poder sentar e enquanto escrevo essas linhas, pensar com um pouco mais de calma sobre o meu redor.



terça-feira, 3 de agosto de 2004

Alô! Tem alguém aí?

Muito tempo não venho aqui. Isso está um pouco bagunçado, um pouco empoeirado e abandonado. Vou subir os andares e rever O Edifício, ver quem ficou e o que mudou.

Subindo encontro novos, porém familiares, vizinhos. São recem casados vivendo em um lugar feliz (noc noc). Esse andar passou a ter som de festa, integral.

Mais um andar. Um estusiasta, figura que está descobrindo uma grande vocação interpretando palavras e ações, me diz que pode desenterrar letras mortas (noc noc). Segue contente, como um jovem filósofo contemporâneo.

Outro andar novo, embora a administração tenha largado de mão, os moradores continuaram a surgir (o que será que tem nesse Edifício?). Uma reunião de intelectuais, com discussões afiadas e sábias, falam baixo e pausadamente - com eventuais surtos de euforia - como se estivessem conspirando (noc noc). Escuto, aprendo e continuo.

Alguns antigos ainda estão por aqui. Outros se foram, deixando saudades e alguns apenas lembranças. Aos novos bem vindos, porém ativos, bem vindos. Aos antigos, bom revê-los. Aos que foram, boa viagem.

Voltar é sempre prazeroso, a questão que fica é: por quanto tempo?