quinta-feira, 21 de abril de 2005

Após as 23h

Estou pasmo. Assisti ao GNT após as 23h. Vi Sue Johansen. Para quem não a conhece, ela é uma senhora de idade, com mais de 76 anos que apresenta um singelo programa chamado Falando Sobre Sexo com Sue Johansen.

Agora tentem imaginar: uma senhora com cara, roupas e voz de vovó recebendo ligações com as perguntas mais absurdas sobre sexo. Perguntas como: “Sue, na última vez que tive relação com o meu namorado, a camisinha escapuliu e ficou dentro de mim, o que eu faço?”, ou “Sue, sou casada há muitos anos e sou feliz. Mas sempre tenho fantasias sexuais com outras mulheres. Sou gay?”, ou “Sue, tenho 40 anos e sou cheia de tesão. Mais do que já tive. Só que meu marido não corresponde, ele não está conseguindo acompanhar. Ele já toma viagra, mas nem sempre resolve. Qual é o meu problema?”, e para completar "Sue, quando faço sexo oral costumo ir até o fim. Ouvi dizer que se eu engolir tudo que sai do meu namorado posso acabar engravidando, é verdade?".

Como se não bastassem as respostas, a vovó mais fofa da tv apresenta um quadro demonstrando como usar, guardar e limpar objetos sexuais. Ela ensina, aparentemente com total conhecimento de causa, como lidar com diversos tipos de consolos.

Sou desbocado, acredito que não sou careta e nem mesmo conservador. Mas Sue Johansen me coloca na posição mais reacionária que já senti.

terça-feira, 12 de abril de 2005

Quase dois irmãos.

Como um tapa na cara, o filme nos desperta do sonho da integração favela-asfalto. Aniquila a ilusão da integração tentada até o momento, onde ela é nada mais do que a imposição da realidade do asfalto no morro. A favela vive outra realidade, temos que primeiro compreender que não podemos definir se é melhor ou pior do que a nossa, aceitar que é diferente e então lutar por uma real integração.

Sempre defendo que o caminho para um povo melhor e uma nação melhor é a educação. Mas como iremos educar pessoas já educadas pela vida? Temos esse poder? Não estaremos mais uma vez impondo a nossa realidade? A educação deve ser aplicada a cada nova geração, esperar que a solução venha em quatro décadas e não em quatro anos.

Retornando ao filme. Ele demonstra o contato dos presos políticos com os presos comuns dentro do presídio de Ilha Grande. Os conflitos desse contato e a troca de experiências e seu reflexo em ambos os mundos. E assim, o nascimento da Falange Vermelha. Além desses pontos, apresenta por várias vezes a base do ser humano, seus ideais e o que acontece quando sua realidade é sobrepujada.

Inspirado no filme, tive o seguinte insight: “Sinto em lhe dizer, caro companheiro, que o comunismo acabou. Morreu pelo tempo, contado por um relógio que foi perdido”.

sexta-feira, 8 de abril de 2005

Contra o modo e o tempo

Perante ele somos fracos. Inadvertidamente tentamos mudá-lo, como se fôssemos capazes. Mas não somos. Usamos o tempo de forma errada, como eternos colonizados queremos apenas explorar o que estiver a nosso alcance, não pensamos no amanhã nem no tempo de cada coisa.

E essa não é a verdade. Podemos viver de outra forma, podemos viver com o tempo e não contra o mesmo. Não precisamos acordar, ir para o trabalho, depois para o nosso curso de extensão ou profissionalizante e assim para a casa. Não precisamos almoçar em quinze minutos para poder voltar ao trabalho ou conseguir ler aquele texto que estava na fila. As coisas que precisam ser feitas para ontem não existem, o ontem já passou e o que vale é o hoje, o agora.

A cada dia tenho me desafiado a lutar contra isso. Luto para acordar com disposição para dizer alguns “nãos”. Luto para respeitar o meu tempo. Mas não é fácil quando o resto do país age de forma contrária e vive explorando. Sendo assim, em um ato rebelde, desafio a todos os outros a lutarem também. No mínimo se pergunte se você é capaz de viver melhor.