terça-feira, 7 de outubro de 2008

Grandes mestres: Will Eisner - parte 2

Dando continuidade ao post sobre o mestre dos quadrinhos, vou falar agora de seus romances gráficos (Graphic Novels).

Em 1978 ele praticamente criou esse formato publicando "Um Contrato com Deus, e outras histórias de cortiço". Todas as quatro histórias deste romance se passam em um cortiço localizado na Av. Dropsie, no Bronx em NY (o que o faz ser um pouco auto-biográfico). As histórias falam de fé, esperança, preconceito, solidão, inocência e tantos outros sentimentos básicos dos seres humanos, acredito que a partir deste trabalho ele começou a focar mais nestes elementos e desenvolveu os que seguem com maestria ainda maior.

Creio que procurando uma nova perspectiva de contar suas histórias, ele volta a falar das pessoas, mas sobre o ponto de vista da cidade, em 1986 lança "New York, the big city". Uma série de histórias que falam do cotidiano dos habitantes de uma cidade grande. Toda vez que leio essa obra, fico impressionado com a capacidade de Eisner trabalhar com a expressão corporal e facial, em alguns casos histórias inteiras são contadas sem um único balão e em outros são contadas em apenas uma página.

"Onde existe uma cidade sem muros, que tem sua alma como casa ou abafa seus gritos e coreografa a dança de suas vidas? Se muros são para proteger ou excluir, eles também não reprimem e aprisionam? Então, estão eles, para amar ou odiar? ... afinal todos os muros não foram feitos pela natureza."


Em 1987 ele lança a minha obra preferida, "O Edifício". Através das histórias de Monroe Mensh, Gilda Green, Antonio Tonatti, P.J. Hammond e, claro, do próprio edifício, Eisner nos faz refletir sobre o que fazemos com o nosso passado e memórias, como lidamos com as escolhas e mudanças que elas acarretam e como mesmo aquilo que mal notamos no nosso dia-a-dia serve de testemunha para nossas ilusões, desilusões, amores, medos e objetivos.

Eisner retorna a Av. Dropsie em 2000, onde trata de "Pequenos Milagres". Cada história deste livro fala sobre as coisas que mudam na nossa vida sem grandes explicações, grandes fortunas ou pobrezas, alegrias e tristesas ou mesmo simples lições que nos passam quase sem notarmos. Ele nos lembra que não estamos sós.

Além destas edições, Eisner realizou tantas outras tendo como ponto principal seres humanos, praticamente reais, e suas vidas. Livros que ainda não pude ler, como "Pessoas invisíveis" e "Av. Dropsie". Mas essas quatro que citei acima, graças a suas simplicidades, estão dentre as melhores coisas que já li em toda a minha vida.

Infelizmente todas essas histórias estão cada vez mais difíceis de serem encontradas aqui no Brasil ou lá fora. Nos resta comprar o que podemos e buscar em sebos o que ainda não temos.

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