quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Aos velhos deuses

Quando idolatramos algo ou alguém vivemos de uma imagem construída através de fantasias e ilusões. Não conseguimos encarar suas falhas e defeitos, mesmo que saibamos que tal objeto de idolatria tenha características peculiares.

Por exemplo, Zeus. O Deus do Olimpo enganou e traiu o seu criador, iniciou uma guerra contra ele e tomou o lugar de seu pai, isto nunca foi visto como um erro e sim uma característica de sua história. Assim ele era idolatrado e não encarado como um traidor.

Em planos mais mortais, os nossos ídolos anteriores tiveram vidas conturbadas, mas “não falharam”. Assim se mantiveram as ilusões de Elvis Presley (morto, ou não, por overdose), Jimi Hendrix (morto por asfixia no vômito causado por excesso de drogas), Janis Joplin (morta por overdose de heroína) e Jim Morrison (morto de forma obscura). Eles não eram fracos, tinham personalidades complexas.

Já hoje em dia, não temos espaço para manter tais ilusões. A mídia não permite. O que é exatamente o caso de Amy Winehouse. Uma mulher talentosa, com personalidade própria no palco, tudo mostrava que ela estava acima da pré-fabricação da indústria, até quando os seus problemas com drogas ficaram acima de sua música. As notícias nos mostram uma Amy doente, se deteriorando, em processo de auto-destruição e pouco se importando com isto. Esfrega em nossas caras todos os seus defeitos e assim desconstroem a fantasia de ídolo que ela própria, a mídia, ajudou a construir.

Isto pra mim deixa claro que a era dos reais ídolos acabou, não terão mais novos “deuses” e provavelmente a última que resta andando em terra seja a Madonna.

Você ainda consegue se lembrar que um dia a Amy Winehouse saia assim nas revistas ou jornais?



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6 comentários:

Adriano Queiroz disse...

Sempre usamos ícones para validarmos nossa normalidade.
Eu acho isto.
Nossa, não tinha visto um video destes ainda. Ela estava 10 quilos menos magra.
Eu adoro a voz da Amy, mas quase nem consigo ouvir mais, o assédio é incessante.

Abraços.

Valéria disse...

As pessoas parecem que tem medo de ser normais, se te perguntam como é a sua vida e você responde NORMAL, quase sempre a resposta é: normal como, você não faz nada? A velocidade e o consumismo são os novos deuses do olimpo e seus súditos são implacáveis, rsrsrsrs, abraços!
Obrigada pelo comentário.

Cris Medeiros disse...

Vc fez uma boa análise mesmo! Antes podíamos ter nossos ídolos. Hoje eles são revirados do avesso e mostrada sua face mais podre, talvez a mais humana... Beijocas e Obrigada pela referência!

Cris Medeiros disse...

E vendo esse vídeo que colocou só tenho uma coisa a dizer

A AMY É MARAVILHOSA E TEM MUITO TALENTO, QUE PUTA VOZ!!!

Beijocas

Anônimo disse...

Oiii! Obrigada pela visita!

Eu não conheço muito o Hendrix, mas nossa se asfixiar com o próprio vômito (é isso q aconteceu?) deve ser a coisa mais horrível pra se passar em seus últimos minutos na terra!

Sobre ídolos, eu acho uma p...duma ilusão. Todo mundo que conheço de perto muda com o tempo, imagina artistas, que até pra ir na padaria, passam maquiagem. A Madonna por exemplo, vc já viu ela sem maquiagem? Uuuurrr!!!

Leandro Bulkool disse...

Adriano e Valéria, eu concordo plenamente com vocês dois. A necessidade de um ídolo e a negação da nossa "normalidade" é muito grande.

Dama, eu acho que este é o problema atual. A minoria está disposta a encarar e aceitar as fases humanas de todos. E ainda assim elas são exibidas. É quase como se fosse um pedido para nos mostrar que eles são como nós.

Female, sim Hendrix morreu no próprio vômito. E é muito ruim e triste, mas nós apenas soubemos e não vimos. E isto mantem a imagem de que ele não estava se deteriorando. Agora, a idolaria é uma ilusão comum e necessária. As vezes idolatramos sem nem mesmo perceber. Sobre a Madonna, nunca vi e nunca verei, ela já se mostrou mestre o suficiente nas artes de cuidados com a sua imagem para não ser pega em situações como estas. rs