quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Debate sem fim

Ontem, enquanto a minha mulher estava trabalhando na sessão especial do filme Tropa de Elite, patrocinada pela Claro. Eu fiquei "zapeando" e acabei pegando desde o início um MTV Debate sobre o filme. Resolvi assistir.

Foram convidados para o programa o ator Milhem Cortaz, que faz o Capitão Fábio, ou o 02 no treinamento, a Nega Gizza, Braulio Mantovani, roteirista do filme, o advogado do Bope que está buscando indícios para processar a produção, um ex-comandante do Bope e um estudante de direito, com os seus 21 anos.

O maior ponto fraco do programa foi o Lobão. É importante colocar que conversar com o Lobão é uma experiencia bem proveitosa, mas como apresentador ele se perde no controle do programa, não deixa os outros falar, perde o foco do assunto e não consegue ser suficientemente claro em suas colocações. Se eu fosse da direção da MTV voltava com o Cazé e colocava o Lobão para fechar o programa com um belíssimo ensaio.

Além desse ponto fraco, foi patético observar as pessoas puxando a defesa para a sua banda. Ninguém queria colocar as cartas na mesa, todos se apegando a questões individuais e com uma visão micra sobre os pontos levantados no filme. O advogado só falou uma única vez, para defender a "imagem" dos oficiais que estavam em serviço em 1997, o ex-comandante era comprometido e não pode falar tudo abertamente, então só defendeu a imagem da corporação, o estudante nem merece comentários e por aí vai.

Acho que é essa a grande questão que transforma o filme em tópico de tantas discursões, as pessoas insistem a se sentirem diretamente ofendidas pela produção. Seja por ser um estudante, um "playboy que financia o tráfico", um policial, um membro da comunidade ou o que seja..

As pessoas poderiam começar a ser menos hipócritas e aceitar as responsabilidades de cada um nesse caos. Porque se você molha a mão de um policial para se livrar de uma multa, você é responsável. Se você compra droga, é responsável. Se você trafica, é responsável. Se você assisti tudo isso e simplesmente torna-se passivo, também é responsável.

Como único ponto forte tem um depoimento de Negra Gizza que coloca que esse debate todo é temporário, que o filme levantou a poeira, as pessoas vão discutir e logo logo irão parar de falar e nada vai mudar. Pois falta uma ação deriva de tanto debate.

Isso me faz pensar em uma conversa que tive com o Ock-Tock. Ele me disse que não vai assistir a esse filme, assim como não assistiu a outros do mesmo estilo, pois tais filmes só promovem essa cultura violenta em torno do Rio. Não concordo com ele, mas uma coisa pra mim ficou certa, nós ainda não temos educação e nem preparo suficiente para lidar com essas informações.

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