E hoje? Bom, temos o controle remoto, mais de cinquenta canais disponíveis em nossa televisão paga (que não é mais um luxo da classe média). E com todos estes recursos em mãos, como você assiste televisão? Um programa por vez? Dois? Talvez até três ou mais. Com a transmissão digital, isto ainda vai crescer, pois você pode navegar entre os canais sem abandonar o que estiver vendo.
Já que mencionei navegar, lembra como navegávamos em 1996? Agora com os programas permitindo mais de uma aba é quase como uma televisão com controle remoto, enquanto uma carrega você está vendo a anterior, pula para a próxima e volta, cria uma nova. Tudo ocorrendo ao mesmo tempo.
E para assistir filmes, séries ou ouvir música? Saindo da questão legal ou não do fato, a verdade é que uma boa parte do público faz download de arquivos. E isto faz com que aquela modesta coleção de CDs tenha virada um IPod de 60 Gb lotado e as séries passaram a ser vistas quando sob demanda e até mesmo antes da programação da televisão nacional. Muita coisa sendo consumida, não? E tudo muito rápido.
Isto me faz pensar, que se consumo tudo isto, no mesmo espaço de tempo que fazia antes - o dia continua insistindo em manter suas 24 horas - quer dizer que tenho digerido tudo como uma grande fast food? Absorvido tudo através de uma leitura dinâmica?
Me corrija se eu estiver errado, mas a prática da leitura dinâmica, não consiste basicamente de eliminar palavras e compreender rapidamente o contexto? Sendo assim, alguém já leu, e fruiu, "Muito Barulho por Nada" de Shakespeare desta forma?
É exatamente esta a questão, temos vivido com "Muito Barulho por Nada", nada mesmo. E o problema não está na grande acessibilidade que existe disponível como fruto da internet, o problema está em nós que ainda não sabemos lidar com ela, achamos que como podemos alcançar, precisamos ter tudo. A natureza já não está nos provando o contrário?
Daí vem a Síndrome do Canivete Suíço, queremos fazer parte de todos os sites de relacionamentos, todas as comunidades virtuais, seguir todo mundo que seja muito seguido e por fim absorver o máximo via computador ou celular, o importante é estar conectado fazendo tudo.
Tudo bem! Mas como, ou quando, iremos aprender a lidar com toda esta liberdade de expressão e acessibilidade? Ainda não sei, talvez eu elabore uma teoria para uma parte 3 deste texto, mas com certeza não é interrompendo lua de mel para publicar no blog.
Acesse também:
- A primeira parte deste texto;
- O texto do meu parceiro Ock-Tock que fala um pouco sobre isto em relação "Ao fim da música";
- O podcast do René de Paula Jr que por diversas vezes levanta questões como estas;
- Em 2007, "Rio de paz";
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