sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Valores deturpados

Enquanto a discussão sobre o filme "Tropa de Elite" corre solta, percebo claramente a minha maior preocupação tornando-se real. A completa deturpação de valores básicos, a má interpretação de uma mensagem clara, gerada por um desespero, necessidade e ignorância do público.

Alguns apontam o filme como facista, outros transformam os soldados do BOPE em heróis, independente do que eles fazem para cumprir suas missões. Em ambos os casos estão errados. Nesse filme não pode ter heróis ou vítimas (esse papel cabe a todos).

Infelizmente chegamos a uma situação em que ter a "melhor tropa de elite de ação urbana do mundo" tornou-se necessário. Porém, não será ela que irá resolver os problemas. Um dos autores do livro, o capitão Rodrigo Pimentel, diz no documentário "Notícias de uma guerra particular" que enquanto o único braço do governo que sobe a favela for a polícia (de elite ou não), não teremos solução. É um ciclo vicioso de crimes, onde mesmo aqueles que deveriam seguir e fazer a lei ser cumprida a deixam de lado, protegidos por justificativas muito bem embasadas.

No YouTube pude encontrar o documentário que cito acima, em uma versão para gringo ver. Está partido em 10 pedaços, mas vale a pena assistir. No mesmo YouTube encontrei várias homenagens aos "heróis" do BOPE e comentários dos usuários dizendo ter orgulho dessa força, ou estimulando as torturas ou execuções em "prol de um bem maior". Acredito que seja resultado da nossa carência de heróis. Triste.



quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Vergonha...

Eu ia fazer um post ironizando, já tinha até título, mas não tive coragem. Acho que esse assunto deve ser levado com seriedade e sobriedade. A minha falta de coragem não é temendo algo e de simplesmente não ter coragem de brincar com assunto tão sério.

Renan Calheiros, em sessão secreta, foi absolvido. Antes de entrar no debate se era armação da oposição ou não, levanto a questão que os nossos "líderes" precisam estar acima de qualquer suspeita, o que não é o caso de Renan Calheiros.

Para tentar ajudar na memória do nosso país, segue abaixo a listagem dos senadores que fizeram parte dessa votação, tidos como apoiadores do Presidente do Senado.

Geraldo Mesquista Junior (PMDB) - esteve envolvido no escandalo do Mensalinho do Geraldinho, onde ele retinha 40% do salário de seus servidores;

Sibá Machado (PT) -renunciou a presidência do Conselho de Ética, atrasando mais o processo;

Tião Viana (PT) - lutou pela sessão secreta e tentou barrar os deputados que conseguiram o direito de assistir ao julgamento;

Euclydes Mello (PTB) - primo e suplente de Fernando Collor de Mello;

João Tenório (PSDB) - assumiu após a eleição como governador de Teotônio Vilela Filho, do qual era suplente;

João Pedro (PT) - foi relator do caso e defendeu a prorrogação da CPMF, ignorando o abaixo assinado de milhares de brasileiros pedindo o contrário;

Gilvam Borges (PMDB) - defendeu o nepotismo alegando que empregava esposa e mãe, por dormir com a primeira e pela segunda tendo parído-o. Foi senador de 94 a 2002, quando perdeu para Capiberibe. Conseguiu a cassação do mandato de Capiberibe em 2005 com a ajuda de Renan Calheiros, que negou o direito de defesa ao Senador. A Gilvam Borges e a família são donos de emissoras de rádio em praticamnete todos os municípios do Amapá e de duas TVs em Macapá;

José Sarney (PMDB) - sem mencionar o seu tempo na presidência, vale lembrar que Vedoin citou seu nome durante o escandalo das Sanguessugas;

Papaléo Paes (PSDB) - era tido como um aliado, mas elegou que seguiria o seu partido durante a votação e iria contribuir para a cassação de Renan Calheiros, mas como a mesma foi secreta, não temos como saber sua posição real;

Antonio Carlos Junior (DEM) - Tomou posse após a morte de seu pai, ACM. Empresário da área de comunicação e presidente da Rede Bahia, grupo que controla o Correio Bahia, a TV Bahia e emissoras de rádio;

César Borges (DEM) - era tido como um aliado, mas após o resultado do julgamento, pronunciou-se indignado e responsabilizou o governo por pressionar os senadores para esse resultado;

João Durval (PDT) - foi acusado de fazer propagando irregular durante sua campanha;

Inácio Arruda (PC do B) - também tido como aliado, que alegou ficar surpreso com a absolvição e com a abstenção de seis senadores durante a votação;

Deixando os históricos um pouco para trás, vamos direto aos nomes pois a lista é grande: Adelmir Santana (DEM); Gim Argello (PTB); Magno Matta (PR); Edison Lobão (DEM); Epitácio Cafeteira (PTB); Roseana Sarney (PMDB); Eduardo Azeredo (PSDB); Wellington Salgado de Oliveira (PMDB); Valter Pereira (PMDB); Jayme Campos (DEM); Jonas Pinheiro (DEM); Serys Slhessarenko (PT); Flexa Ribeiro (PSDB); Efraim Morais (DEM); José Maranhão (PMDB); João Vicente Claudino (PTB); Flávio Arns (PT); Francisco Dornelles (PP); Marcelo Crivella (PRB); Paulo Duque (PMDB); Expedito Júnior (PR); Fátima Cleide (PT); Valdir Raupp (PMDB); Mozarildo Cavalcanti (PTB); Romero Jucá (PMDB); Ideli Salvatti (PT); Neuto de Conto (PMDB); Almeida Lima (PMDB); Antônio Carlos Valadares (PSB); Maria do Carmo Alves (DEM); Aloizio Mercadante (PT); João Ribeiro (PR); Leomar Quintanilha (PMDB);

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Ação sem "bullet time"



Após Matrix ficou difícil assistir um filme de ação sem o bom e velho bullet time, o que aconteceu com isso? A originalidade foi se perdendo. Mas não é esse caso. John McClane está de volta e logo aos 40 minutos de filme já se encontra completamente quebrado.

Dos atores cinquentões que estão retornando para os filmes de ação, Bruce Willis com certeza é o que se encontra em melhores condições. Talvez seja por causa de seu personagem na série Duro de Matar, que exageros à parte, sempre foi muito humano.

Mas o filme não é apenas muito bom só por isso, tem bons vilões, bons personagens coadjuvantes, boas piadas, ótimas cenas de ação com poucas pausas e uma trama tecnológica que embora exagerada faz sentido. Ainda não assisti nenhum ultimato (pra dizer a verdade, não vi nenhum da série), mas pra mim Duro de Matar 4.0 é o melhor filme de ação do inverno.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Santiago

A dúvida era entre "Duro de Matar 4.0" ou um "filme cabeça", resolvi abrir mão da pipoca e aceitei o cabeça. Mas ironizei, entrei no cinema brincando com a sala mais vazia do Artplex. Dizendo que era fácil colocar um filme do João Moreira Salles em um cinema do Unibanco. Quando as pessoas entravam eu apresentava todas elas como "alguma-coisa" Moreira Salles. Ironizei e me enganei como a muito tempo não me enganava.

O que eu esperava ser um documentário sobre a família Moreira Salles, contado por um dos filhos, ou seja auto-admirado, vi um filme sincero e vivo. Que com uma certa distância documenta não a família e sim um personagem, Santiago Badariotti Merlo, o mordômo da família que não apenas falava quatro ou cinco línguas, mas tinha paixões e admirações únicas. E sua forma de expressar tudo isso o torna um personagem memorável.

A narrativa fria, o preto-e-branco e o enquadramento distante reforçam a sinceridade em torno do trabalho e das palavras finais, do personagem e do documentarista. Sem sombra de dúvida, Santiago foi uma das melhores surpresas cinematográficas de 2007.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Saneamento Básico, o filme



Tudo começa em um cidade do interior gaucho. Digo, bem do interior gaucho. Quando a necessidade de realizar uma obra de saneamento básico torna-se prioridade, mas a prefeitura não tem verba para a mesma, apenas para a produção de um filme. Através de uma meta-linguagem, Jorge Furtado e um elenco ótimo, ironizam o sistema público do país e a indústria de celebridades. Grande destaque para Bruno Garcia, que já tinha mostrado ao que veio em Lisbela e o Prisioneiro, Camila Pitanga, Lázaro Ramos e claro para o "Monstro do Fosso" (e o mais importante: o Theo adora imitar o monstro).